terça-feira, 3 de novembro de 2015

Amor e Outras Coisas (capítulo dois)


“Podíamos sempre recomeçar onde parámos. Eu ainda tenho sentimentos por ti. Sentimentos fortes.”
“O que queres dizer com isso?”
“Oh, Rafael. É assim tão difícil de adivinhar? Eu ainda te amo.”
“Eu nunca te amei, Rita. Sabes disso tão bem como eu. Não me esqueci das pessoas que magoámos para ficarmos juntos.”

Afastaram o olhar um do outro, cada um recordando o passado à sua maneira. Voltaram atrás no tempo.

Rafael terminara a sua relação com Leonor, cego de paixão por Rita. Ela fizera o mesmo, terminando uma relação de longa data com o seu namorado. Tinham virado as costas ao Amor em nome de uma relação que os mantinha acordados noites a fio. Com o passar daquela febre e da adrenalina que os envolvia como um manto surgiram as discussões e as incompatibilidades. Rita chegara à conclusão que o amava verdadeiramente mas ele não a amava da mesma forma. Apeteceu-lhe mentir. Era tão fácil fazê-lo… tão tentador… por algum tempo apenas. Não conseguiu. Magoá-la era a última coisa que faria nesta vida. O único caminho que lhe restava era ser honesto e contar-lhe toda a verdade.

Numa manhã preguiçosa de sábado, deitado ao seu lado acariciou-lhe os seus delicados caracóis castanhos-claros de que ele gostava tanto e disse-lhe o que lhe ia na alma.
“Rita, tu sabes que eu não te posso amar como me amas a mim. Seria uma mentira. Não é justo, para nenhum de nós. Nunca te menti e não o quero fazer.”

Ela olhou-o carinhosamente. Conhecia-o melhor que ninguém e sentia o desespero que lhe bailava no espírito. Há semanas que sentia este momento a aproximar-se. "Não digas nada. Eu sei o que sentes. Eu já fui a tua melhor amiga. Conheço-te tão bem, Rafael, só quero o melhor para ti. Promete-me só uma coisa."

“O quê?”
“Que vais ser feliz. Depois disto não te feches numa concha. Vai atrás da tua felicidade, esteja ela onde estiver. Prometes-me?”
“Sim, prometo.”

Olharam-se. Era impossível resistir a um último beijo. Ambos desejavam sentir o toque familiar dos lábios uma última vez. Foi um beijo breve mas especial. Foi assim que se separaram. Sem mágoa. Isso fora há três meses atrás. Hoje, Rafael não compreendia esta nova atitude de Rita. Pensava nas palavras dela que faziam eco por entre os seus pensamentos. “Eu ainda te amo…”

“O que é que ele haveria de fazer?”

20 comentários:

  1. Pois é, Carpe, Só consigo dizer... pois é. Estranha sensação esta quando li a continuação da história. Não vou explicar o porquê, mas lá que é estranha, é.

    Por esta altura já quase que me apetece seguir o que lá vem... com algum receio do desfecho. Admito. Coisas minhas, é não ligar.

    Beijinho :)

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    1. Maria, é curioso como um texto nos pode lembrar tanto que já se passou. Espero que siga a história com interesse mas nunca com receio do desfecho.
      Beijinhos :)

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  2. Já tinha saudades de passar por aqui... mas mia culpa...
    Felizmente só perdi o capitulo 1... sendo assim... vou ver o que perdi para trás...
    O amor... e as suas imprevisibilidades e incongruências... sem as quais... a vida não teria qualquer sentido... mas quem seria feliz, numa monótona previsibilidade?... Acho que toda a previsibilidade, já é portadora de infelicidade... Enfim... divagações minhas... indo à procura do começo da historia!...
    Bj
    Ana

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    1. O amor é o mais imprevisível dos sentimentos! Obrigado pelas palavras sempre simpáticas!
      Bjs

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  3. O amor em nossas vidas...causa por vezes situações bem semelhantes!

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  4. As partidas que o amor prega:, certezas e incertezas, seguidas de dúvidas e mais dúvidas.
    Sem esta ambivalência o amor teria o mesmo mistério?

    Para quando a continuação? Estás a encher-nos de curiosidade!:)

    Beijinho

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    1. GL, no início da semana há mais :) Obrigado pelas palavras :)
      Beijinho

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  5. Só um conselho - follow your heart!!
    Aquele abraço

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  6. Podemos sempre recomeçar. ..ou não. ..

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  7. Bom dia
    Lindo..Há sempre tempo para recomeçar..

    Beijo e um dia Feliz
    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  8. Receava vir a ler o que li...

    Não vou palpitar nada, esperando o desfecho...

    Beijinhos.

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    1. O desfecho ainda vem longe, Mona Lisa! Há mais por aí :)
      Beijinhos

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  9. "na prevalece, rigorosamente nada quando existe o eco do "ainda te amo", quando a outra parte não consegue verbalizar o mesmo.

    Que Rafael tome a decisão certa seguindo o que o coração lhe diz...porque sim. É difícil? É...mas três meses é muito pouco para a poeira assentar e voltar ao ponto de partida...julgo eu de que!

    Aguardo pelo novo capítulo!

    Um abraço

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    1. Fatyly, o Rafael está desesperado por tomar a decisão certa mas o coração pede-lhe algo mais!
      No início da semana publico o terceiro capítulo!
      Abraço

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  10. É o eterno problema de amar e não ser correspondido...
    Mas noto aí uma certa dose de masoquismo, se ele não a amava antes, com certeza não a ama agora.
    Sei lá... acho eu, mas eu sei tão pouco...

    Beijos

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  11. Estava a pensar que teria sido ela a terminar antes e não ele....

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