domingo, 6 de dezembro de 2015

Amor e Outras Coisas (capítulo oito)

Amor e Outras Coisas (capítulo um)
Amor e Outras Coisas (capítulo dois)
Amor e Outras Coisas (capítulo três)
Amor e Outras Coisas (capítulo quatro)
Amor e Outras Coisas (capítulo cinco)
Amor e Outras Coisas (capítulo seis)
Amor e Outras Coisas (capítulo sete)


Rafael estava junto de Mariana. Podia ser qualquer Mariana que tivesse acabado de conhecer mas era a Mariana que já lhe era conhecida, a amiga de Leonor que nascera no Luxemburgo e se mudara há algum tempo para a Suíça. O tempo passara e a rapariga tímida de há uns anos mudara bastante.

“Mariana, não acredito que me mentiste. Podias ter-me dito logo quem eras.”
“Eu sei. Mas se te dissesse que era a Mariana, a amiga da Leonor, do Luxemburgo, tu ias lembrar-te de tudo o que aconteceu.”

“Ao menos saberias que eu detesto mentiras e segredos.”
“Mas perdoas-me? Não foi por mal.”
“Perdoar, sim, mas estou desiludido contigo na mesma. Eu e a Leonor. Conta-me tudo. Porque é que nos tentaste separar? Mais do que uma vez.”

Desenterrar o passado nem sempre é tarefa fácil e pela reacção dela, estava a ser particularmente difícil para Mariana abrir o coração. Rafael ansiava por algo. Mariana não se decidia e permanecia em silêncio, sem olhar para ele. Um silêncio ensurdecedor que o oprimia a cada segundo que passava.

“É assim tão difícil falares sobre o que aconteceu? As palavras saíam-lhe assim, sem filtros, tortas e pouco trabalhadas. Rafael procurava respostas mas Mariana tardava em responder, o que o deixava impaciente.
“Eu admito. Nunca quis que ficasses com a Leonor. Não mesmo.”
“Mas porquê? O que fiz eu de errado?”

“Tu? Nada. Pelo contrário. Eu via a felicidade dela e tinha ciúmes. Ciúmes terríveis. Sempre me senti assim quando vos via.”
“Isso quer dizer o quê? Que tinhas sentimentos por mim?”
“Não, eu nunca tive sentimentos por ti. Era uma estranha rivalidade que eu tinha com ela. Chama-lhe o que quiseres mas foi o que aconteceu. Eu queria-te nessa altura porque não te poderia ter.”

“Foi tudo um jogo? Enganaste-me? Aquela noite, na festa da Patrícia, na semana passada foi mais uma brincadeira tua?”
“No passado foi um jogo. Mas a semana passada foi real. Não te enganei, foi verdadeiro. Gosto mesmo de ti. Agora sim, tenho sentimentos por ti. Fortes.”
“Não acredito no que estás a dizer… mentiste-me uma vez e estás a enganar-me novamente. Tens prazer em partir o coração dos outros?”

“Estás a confundir as coisas. O passado é o passado. Hoje é tudo diferente. Sou uma mulher diferente. Eu mudei. Já me deixei de jogos e mentiras. Essa Mariana desapareceu, acredita.”
“Ouve, daqui a nada já cá não estou. Vou-me embora assim que me contes tudo. E a Rita? Onde fica ela nesta história toda?”

“Nunca imaginei que trocasses a Leonor pela Rita mas sabia que vocês não iam durar muito tempo. Mais cedo ou mais tarde serias meu. E aqui estás tu. Aqui comigo.”
“Não por muito mais tempo, acredita. És falsa. Não sei como me deixei levar. Nem acredito como não te conheci e ainda me senti fascinado por ti.”

“O passado é o passado, Rafael. Sou uma mulher diferente. Eu amo-te e quero-te para mim.”
“Mas eu não te quero. Não depois de saber de tudo.”
“Eu mudei, Rafael. Acredita.”
“Mariana, desculpa-me mas ninguém muda assim tanto. Adeus.”
“Espera… por favor."

Mas Rafael não esperou. Levantou-se, virou as costas e nunca mais se encontrou com Mariana. Sentia-se em choque com tudo o que ouvira. Agora só queria falar com uma pessoa. Apenas ela. Rafael só queria ouvir uma voz familiar. A voz dela. Não queria mais nada. 

Ou ela ou o silêncio.

11 comentários:

  1. A mentira é tramada. Sobretudo no amor entre um homem e uma mulher. Apanha-se uma mentira perde-se a confiança.

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    1. Completamente. Com a desconfiança nada será como antes.

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  2. Volto para ti, Rita! Se me perdoares?...
    Concordo! Ninguém muda de repente! Ninguém contraria a sua própria natureza, se não houver um interesse, qualquer por trás... e interesse... decididamente, nunca é um sentimento autêntico... apenas... interesseiro...
    Gostei deste novo volte-face por aqui...
    Bjs! Boa semana!
    Ana

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    1. A Rita? Não sei... Só o Rafael é que sabe!
      Beijinhos, obrigado!
      Boa semana

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  3. Como se diz, a mentira tem perna curta. Quando se perde a confiança, já nada é igual.

    Beijo de boa noite

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  4. O que nasce torto......
    Aquele abraço, boa semana

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  5. Sempre disse que ninguém muda ninguém e e muitos menos quando a mentira é a palavra chave para acabar.

    Gostei da atitude do Rafael, sim senhora e não embarcou em hipotéticas falsas promessas. Podia voltar, mas mais tarde ou mais cedo viria sempre outro grão para engrenagem...a desconfiança!

    Quanto a Rita, se ela tivesse o meu feitio, não aceitaria o Rafael...ficaria antes pelo silêncio, mas por vezes a vida versus amor dá tanta volta e como tal...aguardarei:)

    Gostei imenso e mais uma vez parabéns

    Um abraço

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  6. Eu cá acho que no processo de crescimento se fazem muitos disparates. Não sei muito bem quando termina o tal processo mas, acredito em segundas oportunidades. Por vezes as pessoas esforçam-se realmente por mudar, esse esforço talvez mereça que se olhe para a outra pessoa com outros olhos. Afinal não somos perfeitos. Ninguém é. Não sei, digo eu por vezes me dá para dizer coisas... :)

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  7. Vim ler episódio que me falhou.

    Estou a ficar com pena do Rafael...rapaz muito solicitado!!!

    Vou continuar a ler...

    Beijinhos.

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    1. Não fiques já com pena... lê o que vem a seguir!
      Beijinhos

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